SIMEFRE AVALIA IMPACTO DA PANDEMIA NOS SETORES REPRESENTADOS

O SIMEFRE realizou reunião de Diretoria e Associados no último dia 9 de junho, por videoconferência. Na pauta o impacto do coronavírus nas atividades das empresas associadas, a situação de cada segmento e medidas adotadas, no pós-pandemia e o “novo normal”; abertura do isolamento social conforme proposto pela Fiesp, entre outros.

O presidente Martins abriu o encontro agradecendo a expressiva participação dos diretores nessa videoconferência.

A seguir falou do impacto da pandemia nas atividades das empresas elogiando a forma como estão lidando com a doença e proteção social. Enalteceu também a FIESP pela maneira como liderou o movimento para um retorno responsável ao trabalho. Manifestou preocupação quanto a obtenção de crédito e financiamento urgente para as empresas.

Depois o diretor Ruben Bisi, apresentou o cenário do setor de ônibus. Segundo ele os setores de ônibus de turismo e escolar urbano estão parados desde o início da pandemia; o interestadual está trabalhando com 5% da frota; o intermunicipal com 15% e o urbano com 40%.

O setor está sofrendo com a falta de receita e muitas empresas estão quebrando. “Mais de 20 empresas já quebraram. Se não houver um auxílio ou uma determinação de como recompor as receitas se estima que 50% das empresas urbanas quebrem até o final do ano.”

Bisi diz que estão sendo realizados trabalhos em várias frentes, desde desoneração da folha até financiamentos, no entanto, as empresas fabricantes estão sem receita e continuam tendo despesas. Quanto às exportações, embora o dólar esteja favorável, todas as fronteiras dos países compradores estão fechadas. A produção de abril foi 65% menor que a do ano passado e a de maio deve bater entre 60 e 70% menor que 2019.

Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE, afirmou que o setor ferroviário de passageiros está pior que o de ônibus. Mesmo com o financiamento do Retrem, ele diz que até agora nada foi viabilizado em termos de aporte de recursos e do ponto de vista dos projetos. “Ao menos no Estado de São Paulo que é a grande possibilidade de retomada, está tudo adiado e estima entre 6 meses e um ano, até que tenhamos alguma coisa concreta. Na parte de passageiros a situação está extremamente grave.

O diretor Vicente Abate reforçou que no setor de carga, a situação também é bastante complicada. Ele diz que a indústria ferroviária de carga vem definhando nos últimos 4 ou 5 anos. “Tivemos momentos bons em 2014 e 2015 e depois vínhamos decrescendo e havia uma razão para isto que era a falta das renovações antecipadas. Agora assinada com a Rumo, virão aí investimentos de 6 bilhões de reais e por mais imediatos que eles sejam, não serão tão imediatos para que possamos retomar a indústria no segundo semestre. A indústria de vagões de carga termina agora as suas encomendas entre junho e julho e não temos nenhuma visão para o segundo semestre, então teremos uma parada quase que generalizada e gerando a perda de muitos empregos. Estamos em contato com o BNDES, caso não haja um socorro não haverá somente uma paralisação e sim quebras e fechamento.”

O vice-presidente, Cyro Gazola, explicou que a partir de abril e principalmente maio, as pessoas começaram a tirar as bicicletas de dentro de casa e enxergar um novo meio de transporte individual e mais seguro e começaram também a fazer manutenção. Logo, foi preciso replanejar, pois o mercado que estimava metade da produção do ano passado, já ultrapassou este número e no até o mês de maio. “Estamos melhor que o esperado e nosso desafio é a retomada com a cadeia de fornecedores. Estamos trabalhando com o SIMEFRE na proposta de que a bicicleta é um transporte seguro.”

O diretor Hilário Kobayashi conta que no caso da produção de motocicletas, houve uma paralisação de março a maio, com retomada ainda em maio. “Atualmente quase todas já retomaram, no polo industrial de Manaus, apenas duas estão com contratos suspensos. Implantamos uma série de protocolos e ainda não estamos com carga total de produção, por conta do fornecimento das peças, já que dependemos de algumas peças que importamos de regiões da Ásia.”

Em relação ao mercado ele explica que o estoque está baixo, uma vez que as vendas ocorreram normalmente e as concessionárias foram se adaptando para este novo normal, através das televendas. “Ainda não temos o relatório de maio, mas considerando as vendas de abril, atingimos – 7% antes do período da pandemia, esse é um resultado acima do que estávamos esperando, mas ainda temos uma série de preocupações quanto à inadimplência e a falta de créditos de alguns bancos, por causa do alto índice de desemprego.”

No setor de partes e peças, o diretor Auro Levorin explica que no setor de bicicletas as fábricas estão com uma carteira maior que a capacidade de produção. “Não existe mais importação e a demanda está alta, então o mercado interno apelou para as fábricas nacionais. No setor de motocicletas o cenário é um pouco melhor, pois existe uma importação menor.”

Mário Rinaldi mostrou o cenário do setor de implementos rodoviários. Segundo ele, no acumulado de janeiro a maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, existe uma queda de 20% nos emplacamentos de semi-reboques e carrocerias. “Tem que se levar em consideração que muita coisa foi faturada neste período, mas não foi licenciado, pois São Paulo ficou parado quase 60 dias sem fazer um licenciamento. Estamos sem exportações, existe um projeto de renovação de frota, mas falta financiamento, que deveria ser menos custoso para o BNDES.”

Durante a reunião os diretores conversaram sobre a necessidade de financiamento para todos os setores e o professor Lanzana falou sobre os cenários disponíveis na economia, chamando atenção para a explosão nos últimos dias, de preços de ações e uma queda do dólar.

Ele explicou o que está acontecendo com o mercado interno e externo, concluindo que devemos ter dois novos normais daqui para frente. Um é o pós-isolamento, mas antes de vacinas, e o segundo quadro pós vacina. Ele falou como deve se comportar a economia nos dois cenários, apesar das incertezas.

Lúcio Molognoni falou da importância que teve a Reforma Trabalhista para ajudar e aliviar a questão do emprego na pandemia. Fez alusão à MP 936, esperando que não sofrerá alteração e sobre o treinamento das pessoas que terão de se adaptar ao home office. Também tratou do problema do desemprego quando afeta a mão de obra formal.

Nilton Prascidelli chamou atenção das empresas para os cuidados que deverão ter com os empregados com relação à pandemia, quando entram e saem das fábricas. O trabalhador precisa se cuidar fora da empresa. Acrescentou que a sua empresa preparou cartilha dirigida aos trabalhadores aconselhando como devem se cuidar em suas casas. Essa cartilha pode ser disponibilizada ao SIMEFRE e associados.

Encerrando a reunião/videoconferência, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf foi até a sede do SIMEFRE, onde estavam o diretor Executivo, Francisco Petrini, o gerente geral Executivo, Henrique Morais, o gerente Carlos Gomes e o assessor Paschoal De Mario.

Ele aproveitou para dizer aos participantes sobre uma reunião que terá com o presidente do BNDES na qual pretende falar sobre crédito, tendo como destaque o financiamento para a folha de pagamento e também fazer chegar o crédito, de forma rápida e acessível na ponta, principalmente para as pequenas e médias empresas, salvando suas atividades e empregos. “Precisamos ter mais calma, a bolsa sobe o dólar cai, temos que pedir serenidade para discutirmos a agenda pós COVID. Isto que passamos para o Congresso. A Reforma Adminstrativa, retomar a Reforma Tributária com cautela, pois muitos precisam de crédito. Temos que ter uma agenda positiva, vamos cuidar das pessoas, precisamos retomar o trabalho com cuidado e responsabilidade.”

O presidente do SIMEFRE, José A. Martins, parabenizou Skaf pelo trabalho e pelo plano de retomada das atividades. “Conte sempre conosco. Aprovamos plenamente as ações que estão sendo tomadas e nos colocamos à disposição”, reforçou.

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